Cloroquina pode causar lesões auditivas, como surdez: “não é uma dipirona”, diz Mandetta
Segundo o ministro, quase metade da população não vai pegar o coronavírus; da outra metade, que vai entrar em contato, mais da metade não vai ter sintomas
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse neste domingo (22) que o uso da hidroxicloroquina, sem orientação médica, pode gerar lesões auditivas, como surdez. O alerta foi feito em função de várias pessoas estarem tomando o medicamento depois de as notícias mostrarem que a droga tem tido resultados promissores contra o coronavírus.
“Poucas pessoas com coronavírus foram tratadas com cloroquina, não sabemos ainda se o medicamento foi decisivo ou não. Agora está acontecendo o seguinte: quando uma pessoa fica doente, a família pede para que use cloroquina e aí fica impossível para o médico dizer não”, afirmou.
Mandetta avisou que a bula da cloroquina revela a possibilidade de uma série de lesões decorrentes do seu uso, como surdez e outra s lesões auditivas. “Não é uma dipirona”, enfatizou.
Mandetta também disse que o Brasil possui “know-how” para a produção da cloroquina e pediu que as pessoas não comprem o medicamento, já que este remédio é usado, normalmente, por pessoas com malária, lúpus e artrite. Apesar da substância ter registrado resultados prósperos em testes para tratamento contra o coronavírus, ainda não há provas de seu efeito contra a covid-19.
A repercussão desse tratamento ganhou força justamente depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedir agilidade ao FDA, o órgão fiscalizador e de vigilância sanitária, na liberação da indicação do medicamento para o novo coronavírus. Trump tem como base um estudo feito na França em que o remédio foi testado em 24 pacientes e, nesta amostra, teve bons resultados de eficácia.
Os pronunciamentos otimistas de Trump provocaram uma corrida pelo remédio nos Estados Unidos antes mesmo que os testes sejam concluídos e seus efeitos comprovados. O produto está esgotado em várias redes de farmácias norte-americanas, o que também aconteceu em algumas cidades brasileiras.
Segundo o ministro, quase metade da população não vai pegar o coronavírus. Da outra metade, que vai entrar em contato, mais da metade não vai ter sintomas.
Fonte: https://valor.globo.com/
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