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Produção de vídeo para quem tem deficiência auditiva ou visual

No último mês de dezembro, a Disney anunciou o lançamento de curta-metragens que resumem os filmes de princesas, todos feitos em língua de sinais, para tornar o conteúdo acessível para pessoas com deficiência auditiva.

Porém, surgiram questionamentos sobre a língua de sinais usada, pois a ideia foi muito boa, mas não usaram línguas de sinais internacionais, como a nossa Libras (Língua Brasileira de Sinais). De qualquer forma, é um avanço e uma iniciativa que precisa ser aplaudida.

Existe uma língua internacional de sinais, geralmente chamada de gestuno, que é conhecida e utilizada em situações específicas, tais como eventos acadêmicos e congressos internacionais, com a participação de surdos e ouvintes de vários países do mundo.

Infelizmente, ainda é pouco conhecido no Brasil e poucas pessoas são fluentes nele. Sobre a implementação da língua no País, consideramos que seria benéfica, mas complexa.

Outro elemento que está presente na língua de sinais, e em qualquer outra língua, é o regionalismo. Assim como o paulista fala ‘bolacha’ e o carioca fala ‘biscoito’, é possível encontrar sinais com significados específicos em cada região do país.

Portanto, trazer a acessibilidade para um conteúdo audiovisual, de modo que ele possa ser aproveitado por pessoas com deficiências auditivas e visuais, é um processo que envolve várias etapas.

O processo começa com os produtores assistindo à obra original. O objetivo, então, é passar as mesmas impressões que eles tiveram para um espectador que tenha alguma deficiência ligada à visão ou à audição.

Essa transmissão envolve o uso de audiodescrição, quando uma pessoa narra a cena, legendas descritivas, que não apenas incluem falas mas a descrição do que está acontecimento e a presença de um intérprete de Libras.

Além disso, existem desafios específicos, como em filmes de comédia, pois o humor não é o mesmo pra quem tem algum tipo de deficiência, assim como cada pessoa possui uma forma de demonstrar ou receber determinado tipo de humor.

Existem também a situação com algo muito específico, como algumas gírias, quando se opta pela inclusão de uma explicação literal e existe a perda de poder da expressão.

Uma instrução normativa de 2016 da Agência Nacional de Cinema (Ancine) buscou implementar o Estatuto da Pessoa com Deficiência, de 2015, que determina que os “serviços de radiodifusão de sons e imagens devem permitir o uso de subtitulação de legenda oculta, janela com intérprete de Libras e audiodescrição”.

A Instrução Normativa 128 definiu metas e prazos para esse processo, determinado que as salas de cinema fossem se tornando acessíveis aos poucos. Os prazos foram postergados diversas vezes. No final de 2019, ele foi adiado novamente, com um novo limite sendo colocado para 2021.

Hoje, apenas os filmes que recebem apoio do governo são obrigados a realizar o processo de acessibilidade. Isso permitiu que filmes nacionais, que geralmente possuem verbas curtas, pudessem realizar esse processo, que costuma ter um custo elevado.

Em relação às salas de cinema, a indicação de que elas foram adaptadas e possuem conteúdo acessível é feito por meio de duas luzes superiores nos cantos superiores da tela. É importante que o consumidor, ao comprar o ingresso, pergunte se há salas adaptadas e, então, solicite o equipamento que permite o acesso à audiodescrição. No geral, as salas devem ter até três kits de audiodescrição.

Os kits possuem um fone de ouvido e uma caixa de som, que permitem que as pessoas ouçam à audiodescrição, e uma tela, onde aparecerão o intérprete de libras e a legenda descritiva.

Com tudo isso, torcemos para que cada vez mais ações se tornem rotina para a inclusão de todos no meio da cultura e lazer!

Fonte: Estadão

 


 

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